27/03/2017 - 17:00
A fisiologia da mulher gera necessidades nutricionais específicas, que vão além da demanda básica de nutrientes e calorias em relação aos demais grupos de indivíduos. A grande maioria das mulheres combina uma jornada dupla, a vida profissional e responsabilidade da casa. O estilo de vida determina a saúde, bem como os sintomas perimenstruais.
A pressão social em torno da autoimagem corporal é muito forte, o controle do peso, inclusive as dietas para emagrecimento, é frequentemente uma preocupação diária. A atividade física faz parte do estilo de vida saudável e é altamente recomendada para aliviar a maioria dos riscos de saúde específicos da mulher - excesso de peso, osteoporose, doenças neoplasicas e cardiovasculares.
A saúde óssea é importante para homens e mulheres, mas as diferenças hormonais a tornam especialmente importante para as mulheres. O osso serve como estrutura para o corpo, como proteção dos órgãos vitais e como uma reserva metabólica de cálcio, fósforo e outros minerais em períodos de deficiência mineral.
A massa óssea evolui ao longo da vida, sendo regulada por mecanismos genéticos, mecânicos e hormonais. A matriz óssea se forma na infância e o pico se dá aos 20 anos. Não só fatores genéticos determinam a massa óssea, também fatores ambientais como exercícios e alimentação desempenham um papel importante posteriormente.
Em especial em torno da menopausa, ou entre os idosos, a qualidade óssea fica comprometida, maior perda da massa óssea, microarquitetura, estrutura e força, que levam a uma menor qualidade óssea global e ao risco de desenvolvimento de osteoporose.
A osteoporose é uma doença silenciosa caracterizada por baixa densidade óssea e deterioração da microarquitetura do tecido ósseo, que leva a fragilidade óssea e ao aumento da suscetibilidade a fraturas. Mundialmente calcula-se que uma em cada três mulheres acima de 50 anos é afetada pela osteoporose. O custo anual para tratar fraturas osteoporóticas nos EUA, no Canadá e na Europa é de US $ 48 bilhões.
Os períodos críticos da vida da mulher com respeito a saúde óssea são infância e puberdade, gravidez e lactação, menopausa, velhice.
Os minerais cálcio, fósforo, manganês e zinco e as vitaminas D, C e K são micronutrientes importantes como componentes ósseos ou reguladores do metabolismo ósseo. Os fitoestrógenos têm ação similar a dos hormônios sexuais, deficientes na menopausa.
Sem sombra de dúvidas, a soja é a grande estrela dos fitoestrógenos. Suas isoflavonas são responsáveis não só por substituir os hormônios na menopausa, mas também por reduzir os riscos cardiovasculares, câncer e alívio dos sintomas da menopausa. A porção mais rica em isoflavonas é o grão in natura, que pode ser consumido junto ao feijão, na salada ou torrado.
Não só o cálcio do leite ajuda na prevenção da osteoprose, mas também a proteína básica do leite melhora a densidade óssea, segundo estudos realizados com mulheres.
A doença cardíaca é a principal responsável pela morte de mulheres e homens no mundo inteiro. As mulheres são mais protegidas que os homens em relação ao aumento do LDL colesterol e a doenças caridiocirculatórias. Esta proteção é perdida na menopausa e fatores metabólicos de risco são desenvolvidos ao longo da vida, o que requer das mulheres cuidados especiais.
O LDL, ou colesterol ruim, é produzido na menopausa e aumenta muito o risco de doenças cardíacas. Também o colesterol do soro HDL, o colesterol protetor, que não se encontra alto na maioria das mulheres, é fator de risco, podendo ser aumentado com exercícios e ingestão de Ômega-3. Os triglicérides, especialmente antes da menopausa, são fator de risco mais preditivo que demais colesteróis e é agravado no excesso de peso, diabetes tipo 2 sedentarismo e dietas com alto teor de carboidrato.
A resistência insulínica e aumento da glicose também é fator de risco, bem como o tabagismo e os níveis de pressão arterial. Entre outros acometimentos na mulher estão os tumores que tem índice de 40% proveniente da alimentação. Dentre os tumores destacamos o câncer de mama, o câncer cervical, o endometrial e ovariano.
A obesidade e dietas com baixos teores de antioxidantes são os grandes responsáveis pela incidência dos tumores. A dieta exerce um papel fundamental na manutenção da saúde das mulheres - e também dos homens. O controle do peso é essencial. Comer gorduras equilibradas ajuda a proteger contra doenças cardiovasculares e neoplasicas.
A ingestão de vitaminas e minerais é essencial à prevenção. Um dos mais importantes é o cálcio, que tem um papel na saúde óssea , pode ter um papel no controle do peso e parece ser um dos melhores candidatos a aliviar sintomas menstruais.
Nutrientes para saúde óssea da mulher:
Nutriente |
Funções nos ossos | Fontes |
Cálcio | Componente da matriz óssea na forma de cristais de hidroxiapatita, dá estrutura e força aos ossos | Queijo, leite, amêndoas |
Fósforo | Componente da matriz inorgânica do osso, tendo as mesmas funções acima | Soja seca, queijo, pistache, pão integral, peixe, carne, chocolate ao leite |
Magnésio | Estabiliza os cristais de hidroxiapatita na matriz óssea, regula o turnover ósseo | Feijão amêndoas, amendoim, chocolate escuro, arroz integral, pão integral |
Zinco | Co-fator essencial a formação de enzimas, estrutura colagenoso do osso | Ostras, milho, fígado, pó de cacau, carne bovina, queijo |
Vitam. D | Regulador essencial do cálcio no osso, aumenta a absorção intestinal de cálcio | Ação da luz solar na pele, peixes oleosos, nozes, mexilhões, cogumelo |
Vitam. C | Co-fator essencial na hidroxilação e síntese do colágeno | Frutas e vegetais |
Vitam. K | Necessário a carboxilação das proteínas da matriz óssea durante a síntese | Couve de Bruxelas, brócolis, fígado de galinha |
Marina Amalfi Rodrigues - Nutricionista